Maranhense que conquistou os ingleses é homenageado em sua terra natal

“Foi maravilhoso ganhar esse título de campeão mundial de Hipismo. Foram seis meses de muita dedicação e capacidade também. Eu não poderia ter ganhado se não tivesse tido o apoio que estava tendo dos proprietários, criadores e dos treinadores. Pra mim foi um título muito importante. É muito importante na carreira de um jóquei ganhar corrida e ser reconhecido. E quando você ganha um título de melhor num país que não é o seu, fica mais saboroso ainda”, afirmou Silvestre Saraiva de Sousa, que foi homenageado em frente ao mercado municipal de São Francisco do Maranhão, local onde foi exposto um banner saudando o campeão: “O povo de São Francisco do Maranhão saúda o campeão, Silvestre de Sousa”.
A homenagem contou com as presenças do prefeito Adelbarto dos Santos (PCdoB); do deputado federal Rubens Pereira Júnior (PCdoB); do ex-deputado estadual Rubens Pereira; secretários municipais; vereadores e a população que compareceu para prestigiar o seu filho mais ilustre que estava acompanhado dos seus irmãos e do seu pai Genésio e sua mãe Estelina Alves de Saraiva. Na ocasião também aconteceu uma caminhada para comemorar o encerramento da Campanha Outubro Rosa; uma feira da Agricultura Familiar; lançamento do programa Terra Arada e a entrega de kits de irrigação para os pequenos agricultores da região do Baixo Parnaíba.
“Eu me sinto muito orgulhoso em primeiro lugar e muito obrigado a todos pela oportunidade que estão me dando Eu não sei nem explicar, mas eu tenho orgulho de ser franciscoense. Essa homenagem é o reconhecimento ao meu trabalho e eu sou muito grato e agradecido por tudo isso”, acentuou Silvestre de Sousa, enfatizando que a sua trajetória não foi muito fácil, pois foi uma jornada de 15 anos fora do Brasil. Saiu de São Francisco do Maranhão com 12 anos de idade e foi morar em são Paulo onde se inscreveu no cursinho São Paulo de Jóquei. “Depois, como profissional, passei dois anos em Curitiba onde fui convidado para ir pra Irlanda. Até chegar esse título, trabalhei como cavalaresco galopador e, depois de dois anos dei entrada na minha matrícula e comecei a montar profissionalmente. Por isso que sempre digo para as pessoas nunca desistirem dos seus sonhos. Quem sonha tem a capacidade de chegar em qualquer lugar”.
Justa homenagem

O prefeito Adelbalto de Sousa lembrou que Silvestre de Sousa é um franciscoense que veio de uma família pobre que conseguiu vencer no mundo competitivo em toda a Europa e na China, por isso era mais do merecedor daquela homenagem. “A gente está recebendo ele aqui para fazer uma homenagem singela; homenagem essa que é motivo de felicidade para o povo da cidade. Nós estamos muito contente em recebê-lo aqui para prestar essa homenagem”.
“Esta é uma homenagem mais do que justa. É um maranhense tímido e que teve muitas dificuldades. Ele teve que cair no mundo em busca de alternativas e conseguiu feitos inimagináveis e, por isso que ele tem que ser homenageado para que possa servir de inspiração para as outras pessoas, por que o que há de melhor no Maranhão, são os maranhenses”, acentuou o deputado Rubens Pereira Júnior.
Esporte tradicional na Inglaterra
O Hipismo (Turfe) é o esporte tradicional da Inglaterra, e o brasileiro Silvestre de Sousa, é a principal estrela de uma das competições mais populares dos ingleses. No último dia 21, sábado, ele foi premiado na presença da Rainha Elizabete II, frequentadora ilustre do Hipódromo de Ascot. Silvestre de Sousa se destacou na Flat Race – corrida sem obstáculos -, similar ao turfe no Brasil. Foi o jóquei que mais venceu este ano – ganhou 155 das 855 provas que disputou e se tornou bicampeão britânico na categoria.
“Eu nunca imaginei chegar onde eu estou. Mas, com dedicação, capacidade e força de vontade, eu consegui vencer”, disse Silvestre.
Dedicação à família


O pai de Silvestre, Genésio Saraiva de Sousa, 75 anos de idade, aposentado, e o irmão Pedro Neto falaram do orgulho que sentem pelo campeão que segundo eles, nunca deixou a família de lado. “Ele começou com essa vocação para correr de cavalo ainda criança. No começo, ele montava no cavalo dos outros e ai eu comprei um cavalo pra ele correr, nós tomávamos à frente do cavalo para ele não cair, pra não se machucar, foi assim que ele tomou gosto pelos cavalos. Eu fico muito feliz com a vitória dele, porque quando eu era mais novo eu fazia as coisas que eu tinha paixão, meu pai era vaqueiro e eu andava nos campos com ele. Ai depois o Silvestre tomou gosto pelos cavalos também. E eu tenho muito do meu filho ter conseguido chegar aonde chegou”, disse emocionado o pai de Silvestre, Genésio de Sousa.
“Eu estou muito feliz e orgulhosa do meu filho receber esta homenagem preparada por todos aqui em São F5rancisco do Maranhão”, disse a mãe de Silvestre, Estelina Alves de Sousa. “Nós somos dez irmãos e só temos que agradecer a Deus em primeiro lugar que deu essa consagração a ele, pois ele é muito focado no esporte que está praticando e que tem dado certo até agora. Ele é o numero um do mundo. São poucos que conseguem chegar aonde ele chegou e, nós, na família, só temos orgulho e agradecer a Deus, que venha mais vitórias. O Silvestre sempre que pode, está aqui com a gente; ele é humilde, não se transformou em rebeldia: está sempre de acordo com a família, dando atenção pra gente e a gente só tem que agradecer e hoje ele está aqui com a gente comemorando esse título maravilhoso que é mundial”, afirmou Pedro Neto, agradecendo também a população de São Francisco do Maranhão pela bela recepção ao campeão Silvestre de Sousa. 
Exemplo
A professora Maria José Araújo disse que é muito gratificante para a cidade ter um campeão reconhecido mundialmente. ‘É muito gratificante para a cidade e o conselho que eu dou para os jovens daqui é que eles tomem como exemplo a trajetória de Silvestre que com dedicação conseguiu vencer na ida. Com certeza, se os jovens seguirem esse caminho, eles também podem chegar ao sucesso. Eu conheço o Silvestre desde criança e sempre que ele vem aqui o povo o recebe com muito carinho. Ele é um exemplo para a região”, disse Maria José Araújo.
Para o procurador do município, Domício Almeida, é um orgulho para a cidade ter um campeão mundial. “Ele é um campeão único. Nossa cidade não tem tradição nessa modalidade esportiva. De repente ele nos surpreendeu. Só ficamos sabendo da notícia depois do ocorrido. Foi tudo mérito dele. Parabéns para ele e pra nossa cidade”.
História do campeão

A história do campeão britânico corredor de cavalo, Silvestre  Saraiva de Sousa, 36 anos, teve início em São Francisco do Maranhão, sua cidade natal. Aos sete anos de idade, começou a montar nas pequenas retas, consagrando-se campeão por seis anos consecutivos, ganhando pequenos prêmios. Depois, já com 12 anos de idade, foi morar com o seu irmão Roberto Saraiva de Sousa, em São Paulo, onde se inscreveu na escolinha de Jóquei São Paulo. Como profissional, passou dois ano em Curitiba, mas em seguida a sua trajetória ganhou outro rumo: foi feita análise de currículum de alguns alunos para ir trabalhar como cuidador de animais na Irlanda, sendo Silvestre de Sousa o escolhido, visto que em 16 meses conseguiu atingir a meta de 76 vitórias.
“Procuraram o jóquei que tinha o melhor currículum e o meu se enquadrou no perfil do que eles queriam. Ai foi aonde começou tudo: eu fui pra Irlanda, abandonei a minha carreira como jóquei no Brasil para ser cuidador de cavalo no exterior”, afirmou o campeão mundial de Hipismo que reconhece a etapa difícil vivida no interior do Maranhão.
Nesta entrevista, Silvestre Saraiva de Sousa – que foi homenageado pela população de São Francisco do Maranhão – conta a sua trajetória nessa modalidade esportiva e quais os seus planos.
O que significou pra você chegar ao título de campeão de jóquei lá na Europa?
Pra mim representa tudo.  Representa o Estado, a cidade,  representa eu mesmo, porque eu acho que ninguém conhece o Turfe fora do Brasil, que é como se fosse o futebol no Brasil, ou seja, tem a mesma importância. Mas, é só orgulho mesmo da minha família por ter me dado essa chance de ter de ter vindo ao mundo em primeiro lugar e, também, acho que a minha dedicação de vencer, acho que está no sangue: eu sou um mal perdedor. Eu não gosto de perder. Mas foi um momento de batalha, de muita dedicação e vontade de vencer; porque você sair de São Francisco do Maranhão para São Paulo e de lá ir pra Irlanda – um país onde você não conhece ninguém e conseguir ser o melhor do país, isso é maravilhoso.  Quando você começa já com treinadores te apoiando, quando você já é conhecido, é filho do país e já é de dentro do mercado, se torna mais fácil, Mas eu sou um brasileiro, que venho da pontinha do Maranhão, atravessei o oceano e cheguei aonde estou, hoje, eu posso dizer que só tenho orgulho de mim mesmo. Eu não tenho que provar nada pra ninguém, Eu só tenho orgulho de mim mesmo.  Mas eu ainda não atingi a meta que eu tenho vontade de atingir. Quero mais conquistas.
Qual a recomendação que você daria para as pessoas que moram longe dos grandes centros e que têm sonhos?
Se você tem um sonho, tem que viajar; você tem que conhecer pessoas que trabalham com o seu sonho, por que se você  ficar  em casa e ter um sonho e não sair, procurar viajar para realizar o seu sonho, você nunca vai encontra-lo. Você só vai ter pesadelo. Mas, é dedicação. Eu acredito que você tem que fazer o que gosta, porque quando você encontrar,  você vai fazer com mais carinho, com mais perfeição.
Qual é a tua meta depois que você voltar para a Inglaterra?
Daqui a poucos dias estarei voltando para a Inglaterra e vou voltar a montar até o mês de dezembro. Eu pretendo passar o mês de janeiro no Japão e depois eu vou à China, depois retorno à Inglaterra para a próxima temporada.

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