O jornalista Othelino Filho, que trabalhou durante muitos anos como editorialista do Jornal Pequeno, completaria 70 anos neste domingo (22). Veterano repórter e redator, Othelino deixou uma obra literária marcada por sua vasta coleção de artigos e crônicas.
Ele faleceu no dia 14 de dezembro de 2017, reconhecido como um dos grandes profissionais da imprensa do Maranhão.
Autor de quatro livros, que traduzem o dia-a-dia de uma extensa carreira jornalística, Othelino Filho consagrou-se em São Luís pela maneira singular com que se dedicava sobretudo à cobertura de assuntos políticos. Acompanhou e escreveu sobre alguns dos momentos mais intensos da história recente do Maranhão, buscando sempre colocar-se ao lado das boas causas, com uma incansável luta pela liberdade e pela justiça.
Com a experiência de quem muito cedo foi líder estudantil e militante de partidos de esquerda, Othelino Filho, como analista político, caprichava na redação de seus artigos e crônicas.
Nesse longo percurso, ele deu seu prestigioso testemunho, também, sobre os duros anos da ditadura militar, a distensão promovida pelo general Ernesto Geisel, o Congresso Constituinte de 1987, a campanha de Tancredo Neves à Presidência, a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva e a histórica vitória de Jackson Lago, em 2006, para o Governo do Maranhão.
Até 2017, mesmo limitado por problemas de saúde, ele continuava acompanhando e analisando fatos políticos, movido por uma convicção jornalística clara, de que estava a serviço do leitor, para quem deveria traduzir os fatos, permitindo-lhe refletir e formar sua opinião.
Othelino Filho chegou a escrever para o Jornal Pequeno a “Coluna do Othelino”, em parceria com Othelino Neto, seu filho, hoje deputado estadual, investido no cargo de presidente da Assembleia Legislativa do Estado.
Filho de mãe cearense (Zeneida Parente Alves) e de pai maranhense (Othelino Nova Alves), o jornalista Othelino Filho nasceu em Sobral, no Ceará, no dia 22 de dezembro de 1949. Pai de três filhos, que já lhe deram cinco netos, Othelino Filho não escondia de ninguém seus ídolos da primeira hora: Jesus Cristo e Che Guevara. Ele dizia que, depois, apaixonou-se por Dom Hélder Câmara e Leonardo Boff, os formuladores da Teologia da Libertação.
Menino de sensibilidade aflorada, conviveu com a luta do seu pai pelos pobres, humildes e injustiçados, acompanhada por perseguições que atingiram duramente a sua família. Desde cedo ou, mais precisamente, aos 12 anos quando escreveu seu primeiro artigo, publicado no jornalzinho da escola, surgiu o jornalista e idealista. Entregou-se então às grandes lutas políticas. Muito novo ainda perdeu o pai, assassinado brutalmente em São Luís, no dia 30 de setembro de 1967. Começou aí uma nova etapa da sua vida, mesclada de revolta e de sede de justiça, usando como seu pai a caneta como arma.
Othelino dizia também que seu pai foi a sua grande inspiração e que o admirava pelos ideais que expressavam a motivação maior da sua vida, contemplando, além do amor ao Maranhão e a seus filhos, o compromisso e a dedicação integrais às causas da liberdade, do respeito aos direitos humanos, do desenvolvimento sustentável, da moralidade nos planos individual e coletivo e da justiça.
“A exemplo dele, também entendo que estes são postulados éticos e morais que devem nortear a existência e as atitudes das pessoas de bem, especialmente dos agentes públicos”, escreveu Othelino Filho que, em suas reminiscências, evocava também a figura do jornalista José Ribamar Bogéa, fundador do Jornal Pequeno.
“Bogéa foi o grande entusiasta das lutas democráticas. Foi uma figura singular. Conheci poucas pessoas com tanta coragem cívica e moral”, frisou Othelino Filho, em um de seus artigos.
Com seu pai e com o velho Bogéa, Othelino Filho aprendeu que deve haver sempre na imprensa uma resistência implacável aos empulhadores da política, aqueles que procuram se locupletar às custas do sacrifício da população. Ele sempre salientava que cabe à imprensa séria e comprometida advertir a sociedade sobre as malfeitorias desses políticos, para que a população não seja presa fácil de tiranos e de demagogos e de corruptos.
Uma vida intensa na política e na cultura do Maranhão